terça-feira, 20 de novembro de 2007

RELATO COMENTADO

TEXTO 1: Se um viajante numa noite de inverno
Ítalo Calvino
É bastante recorrente na literatura fazer-se uso do expediente de estruturar uma narrativa, não só através de uma história, fio condutor da leitura, mas também por várias historias menores, disseminadas pelo texto. Seus narradores deixam rastros por onde passam, sempre reverenciando as potencialidades do relato, a narrativa “Se um viajante numa noite de inverno” é obra tributária dessa estrutura e nunca pára de se movimentar, seja no ato da leitura, da narração ou da escrita. Assim, no crescente da narrativa os limites entre o real e o ficcional são revestidos de outras determinações. As matérias fornecidas pela memória não são suscetíveis de certeza, ao contrário, seu domínio da verdade com espaço sedentário é portador de sua explicação verídica.
Segundo Calvino, discute o estatuto do romance como um gênero, à luz das modernas estéticas da recepção, inserindo no molde do romance policial de cunho teórico e crítico, sobre o destino do autor e da narrativa de ficção e transforma o texto literário na vítima de suas tramas, que não por acaso se erigem como paródias das atitudes mais modernas de crítica e de leitura. Calvino transforma essa tão proclamada figura do leitor no personagem principal de seu livro, uma história policial onde o protagonista é o detetive, e o mistério a ser desvendado é do desaparecimento do romance numa série de inícios não continuados de histórias de todos os gêneros. O romance de Calvino também consegue ser extremamente lúcido do ponto de vista crítico, sem perder sua versatilidade como narrativa de ficção, conseguindo intercalar no pretexto da história policial várias histórias curiosas, tipicamente representativas do gênero, desenvolvida cada uma a partir de uma frase diferente. Ele retoma o modelo romanesco e consegue revitaliza-lo, ainda que para isso precise englobar outras formas e dissolver diversos gêneros e todos os elementos envolvidos no complexo sistema da literatura. O autor compõe sua narrativa voltando-se ironicamente não mais contra a passividade do leitor, mas contra seu permanente e excessivo estado de alerta, capaz, em certas circunstancias, de alienar tanto quanto a leitura eficaz no mundo moderno que exige um aprendizado e conhecimento.


TEXTO 2: O milagre brasileiro.
Fausto Boris
Segundo Boris, na época vigorou o plano Delfin Neto, chamado de “milagre”. A finalidade desse plano seria melhorar as condições do país na economia e na sociedade. Nesse plano o Brasil seria beneficiado com investimentos estrangeiros. O plano tão favorável não durou muito, pois as necessidades da população como: saúde, educação e habitação, foram deixadas em segundo plano; o que caracterizou com ênfase foi o capitalismo, visando lucros e deixando de lado o bem-estar da população. Boris critica os problemas sociais da época e isso tem uma grande influencia no poder econômico do país, com as dívidas e agravando ainda mais as desigualdades socioeconômicas e evidenciando a má distribuição de renda, o que ainda hoje nos trás repercussão negativa.
O período inclui aquele posterior à reforma universitária, com a chancela do regime militar e objetivam uma interpretação capaz de fazer a crítica, seja do ângulo das especificidades da elaboração teórica contemporânea da ciência política do Brasil, seja do ponto de vista da inserção da reflexão na tradução interpretativa da sociedade política brasileira.

TEXTO 3: Podemos conhecer o universo? Reflexões sobre um grão de sal
Carl Sagan
Sagan relata as peculiaridades do universo para definir o fazer científico. O texto apresenta exemplos de constituição de uma molécula e um grão de sal, a capacidade cerebral do ser humano, e a compreensão do poder científico, por isso a ciência extrapola com argumentos e comparações para o leitor refletir e analisar o tema proposto, sobre os mistérios da natureza, que a ciência tenta explicar. O texto exige do leitor conhecimentos prévios, sendo uma linguagem científica para uma compreensão coesa, utilizando vocábulos próprios do gênero e permitindo uma reflexão acerca do conhecimento do universo, que segundo o autor é incognoscível. O autor utiliza uma linguagem mais acessível e promove uma reflexão filosófica, o texto vai preparando o leitor para entender o que á ciência e a pensar em como as coisas acontecem, vai promovendo em cada parágrafo seu ponto de vista, utiliza verbos na primeira pessoa do plural, citando conceitos em algumas áreas do conhecimento.
Observamos que o autor afirma que o senso comum e a intuição não são totalmente confiáveis, assim como a ciência nem sempre encontra regularidades para explicar as leis naturais. A complexidade do universo pode ser comparada à complexidade estrutural das partículas de um grão de sal, utilizando uma linguagem científica, mesclando com uma linguagem mais acessível, com a finalidade de informar e instigar a pesquisa científica.
Maria e Rose.

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